
Nossos
conflitos, sofrimentos e contradições são derivados de uma interpretação das
coisas através de nossos pensamentos. Você caminha por uma calçada de uma rua
qualquer pensando em mil coisas. Se avistar uma árvore e parar seus pensamentos
por um instante somente, olhando com total atenção, terá uma surpresa, pois
essa mesma árvore se tornará algo muito maior, com mais movimento com mais
beleza. Pode ouvir o cantar de pássaros e até vê-los. Pode avistar um ninho,
formação de galhos bem diferentes, cores das folhas que não costuma ver. Quem
sabe, até um sagui ou uma lindíssima borboleta. Se estiver envolvido em um mar
de ideias formuladas pela mente a todo o instante, você passa e nem toma
conhecimento que ali à sua direita está à árvore.
A vida
existe a cada momento e não desfrutamos dela. Não sabemos mais como vê-la. Quem
vê é o pensamento. E onde ele está a cada momento? Está no celular, no
computador, no anúncio, na projeção do que farei amanhã ou no próximo feriado.
Crio ansiedade, crio conflitos antes deles existirem. Se nessas projeções de
pensamento não acontecer o fato que gostaríamos; experimentamos sofrimento,
tensão e tristeza. Dados científicos nos informam que durante uma aula só
captamos dois por cento de toda a informação, tendo em vista que não damos a
devida atenção pelo matraquear dos nossos pensamentos, sempre no passado e
projetados para o futuro. Onde está o presente na nossa vida?
Achamos
que nossas ações a todo o instante se localizam no presente. Na realidade só é
presente quando o observador observa o observado com total atenção. Naquele
momento não existe mais nada, só a coisa observada e o observador. Isto é
presente, é um momentum de vida. Não há interpretação, identificação com nada,
é o viver pleno. Nesse agora, não há sofrimento, não há angústia nem dor, nem
contradição. Como transformar isso em realidade, no cotidiano de nossas vidas?
Ao varrer um chão, varremos, mas pensamos em tudo o que é possível pensar,
menos na varredura, não é mesmo? Podemos
agora começar a varrer pensando na vassoura, nos cantos sujos, na forma de
varrer melhor, mantendo o pensamento na tarefa de varrer, com plena atenção,
pelo menos por alguns instantes. Estamos colocando o ato de varrer no presente.
Podemos fazer da mesma forma para lavar a louça, trabalhar com uma máquina na
indústria, realizar um projeto de engenharia, ler um bom livro, ou fazer
compras no mercado. Vamos aliviando nossa mente de milhares de pensamentos a
cada instante, para pensarmos somente no que temos de fazer. Que alívio! Que
sentimento de liberdade, de esvaziamento. Estamos trabalhando, realizando
propósitos, fazendo tudo que temos que fazer no presente, enfim vivendo a
plenitude da vida.
O passado
desde nosso nascimento até o momento presente é a nossa história. Já aconteceu.
Não modifica mais nada na nossa vida presente. Mas passamos a maior parte de
nossas vidas pensando no que aconteceu, no que poderíamos ter feito, na
oportunidade que perdemos, naquela pessoa especial que nos deixou etc. Todo
esse passado está em nossa memória, mas é só um arquivo, e pensamos nele cerca
de 60% do tempo. Esse passado não consegue mais transformar nossa mente para
melhor. Quanto ao futuro, bem o futuro não existe, pois é o desconhecido,
portanto não temos memória e, por conseguinte não podemos pensar nele. Quando
falamos em relação ao futuro, na realidade, projetamos o que já é conhecido
para um tempo que ainda virá. A mecânica quântica considera nossa existência
como uma probabilidade, o que reforça a ideia de que o futuro é apenas uma
forma de interpretar o tempo.
Aqui
residem hipóteses muito antigas de que o nosso modo de viver é uma ilusão,
tendo em vista que nossos problemas e sofrimentos são criados e dificultados
pelos nossos pensamentos, pela ansiedade na mente e todo tipo de infortúnios
projetados para nossa vida. É ilusão porque não vivemos com nossa essência,
nosso eu verdadeiro, nossa presença a cada momento presente. Vivemos com nossos
condicionamentos de um mundo externo.
Como disse Albert
Einstein, “Nenhum problema pode resolvido pelo mesmo grau de consciência que o gerou”.
Daremos soluções aos nossos conflitos se a cada ato realizado colocarmos
consciência no que estivermos fazendo.
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